segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sobram pernas, braços e bocas.
Faltam afetos.
Sobram chichês, michês, se.
Faltam afetos.
Sobram dores, cores, amores de mil vidas.
Faltas afetos.


Alguém que entenda Clarice. Só. E ponto.
gente blasé só fica bem em filme do Almodovar.

domingo, 27 de junho de 2010

Maldita inclusão digital.

Eu que sempre achei que não ter orkut, facebook, twitter, myspace e outras redes sociais era estar absolutamente protegida desse mundo cão virtual dancei.

Pois é senhores. Hoje, na mais pura falta do que fazer, resolvi jogar meu nome no google e than nan nan nan:

Dá pra saber a nota que eu tirei no meu exame de ordem;

Dá pra saber a data que eu tive entregue a carteira da OAB e quem foi o paraninfo da solenidade (sabendo, portanto, a minha profissão);

Dá pra saber que eu fui estagiária da defensoria pública do Estado de São Paulo, e até a data e local do concurso público;

Se pesquisar bastante dá pra achar a data de aprovação na faculdade (com direito a campus), um emprego que eu já tive...

Maldito google.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Eu quero tomar banho de chuva.
E ter um, dois, três filhos.
Quero que minha cachorra viva cem anos.
Que meu pai, minha mãe e a Xuxa também.

Quero que a pós termine logo. Ou pelo menos as aulas de direito sindical.
Quero começar o mestrado. E apresentar a tese e quase enlouquecer.
Quero que minha casa fique limpa sem que pra isso eu tenha que pegar a vassoura (sério!)
Quero um ferro de passar e uma tábua de vovó.

Quero ir à Parati com o grude. E colocar o DVD da Vanessa da Mata. Aquele que ela canta em Parati.
Quero um aumento.
Quero outro aumento.
Quero comer pipoca. E vir milhões de filmes. Mesmo que seja em pedaços por que a gente tá com sono.

Quero dirigir o caminhão do meu pai.
Quero andar descalça na areia.
Quero comer a comida da minha mãe.

Quero.
Quero.
E quero mais.

Destesto mau humor.
Mas só o alheio.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Islamismo.

Se você perguntou pra sua mãe o que era, aos oito anos, e ela se limitou a dizer que era um monte de árabe maluco;

Se você perguntou pra tia da escola e ela, no alto de toda sua didática e atenta ao programa pedagógico da 3ª série, respondeu que você aprenderia na 8ª;

Se você finalmente chegou na 8ª e ninguém te ensinou nada, eis a solução:


História linda de morrer. Simples assim.


domingo, 13 de junho de 2010

Meus queridos leitores, vou contar à vocês um bafão:

Comprei um pijama.

Mas o bafão não é esse, claro. O bafão é que a calça dele é legging.

Portanto, cidadãos santistas, se vocês me virem por aí de legging nova, já sabem.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Querido diário,

Hoje eu tive que lavar meu tênis. Tarefa inglória. Tem mais de mês que ele tá lá, esperando qualquer boa vontade dentro do cesto.

E aí eu lembrei da minha mãe. Primeiro por que ela lava meu tênis bem melhor que eu. Aliás, minha mãe lava qualquer coisa melhor que eu. Sim, por que é humanamente impossível ser advogada, fazer pós, malhar, cuidar da cachorra, do grude e ainda lavar roupa tão bem quanto a minha mãe. Aí eu lembrei dela.

Lembrei também por que pensei por uns segundos em deixar o tênis ali, como quem não quer nada sabe? Por que sei que mamãe vem no final do mês e então não resistiria e lavaria. Quem se importa se ele ficou uns três meses no cesto? Bobagem.

Mas, seria inevitável ouví-la dizer umas trezentas e cinquanta e doze vezes que é uma vergonha uma mulher desse tamanho não lavar um tênis, não limpar o forno, não tirar o preto do meio do azulejo com a escovinha e por ai vai. Minha mãe acha que eu sou a mulher maravilha. A própria reencarnação da She-Ra. Sério.

Então eu lavei o tênis. Por que é mais fácil do que ouvir mamãe falando. Ô se é.


quinta-feira, 3 de junho de 2010

Toda a minha carreira teatral.

Quando eu tinha uns 6 anos, ganhei meu primeiro papael no teatro:

 Uma árvore.

Sim, mas não era uma árvore qualquer. Era uma senhora árvore. Imagivem vocês, meus queridos leitores: O tronco era uma caia de papelão pintada de marrom, que nós mesmos, crianças de 6 anos, pintamos nas aulas de Ed. Artística. (viva a criatividade das tias e o projeto pedagógico!). As folhas eram feitas de papel crepom verde, muito papel crepom verde. Na minha cabeça botaram uma cesta com maças.Na verdade não sei de quem foi essa brilhante idéia. Será que maças só nascem no topo das árvores? Aham? Enfim. Naquela época eu não era tão questionadora, graças a Deus.

Ocorre que depois de muito ensaiar e as tias convocarem TOOOOOOOOOOODAS as mães e pais e primos e avós de todo mundo, minha rinite resolveu atacar. Sim, por que eu tenho rinite desde que me conheço por gente. Não deu outra. Fiquei famossérrima. Conhecida como a árvore que espirrava. Espirrei, espirrei e espirrei durante toda a peça. Acho que foi a coisa mais difícil que eu fiz na vida. Espirrar sem perder todo aquele crepom verde, digo, folhas. Tomar cuidado pra toda água que descia nariz abaixo não borrar a caixa de papelão marrom. Um horror.

Claro que as outras crianças de 6 anos acharam o máximo desde então me apontar e dizer "olha a árvore que espirra" e morrer de rir. Muito agradável.

Pedi, implorei, chorei e fiz o maior drama pra minha mãe me trocar de colégio, afinal, ser reconhecida pelas mães dos meus milhões de amiguinhos de 6 anos como a árvore que espirrava era um motivo de força maior. Mas ela se mostrou absolutamente insensível com o e´pisódio e me manteve no Leopoldinho III - Nós educamos seu filho com amor. Mentira. Lá eles criam monstros infantis que vão rir de você por toda a sua vida.

Anos mais tarde, já no terceiro ano do ensino médio, fui convocada pro papel de freira no Colégio São José, religioso até o último fio de cabelo de São Palloti (Santo fundador do troço). Eu estudava lá como bolsista, não teve como negar pra madre superiora. Até contei o episódio da árvore que espirrava mas ela disse que era bobagem, que eu era nova demais e que meu papel só teriam duas falas.

Fui lá com todo meu trauma.

A roupa da freira era uma espécie de pano de cortina branco, com um pano de cortina preto por cima, o que me levou a fazer certa comparação sobre a falta de investimentos em figurino e cenário, que anos mais cedo eu tinha notado no Leopoldinho. Tinha um óculos também. Não sei por que raios de motivo além de freira eu tinha que usar óculos. Era castigo demais pra um ser só. Mas fui forte e não fiz objeção quando a moça me deu aquele negócio com cara de "eu já passei em muitos narizes".

Pois bem.

Falei pra moça que estava nos vestindo que achava melhor colocar um short por baixo, vai que o pano de cortina rasga né? Ela disse que era bobagem (igualzinha a madre havia dito), que o figurino já tinha sido usado milhares de vezes (olha que maralhinha, como o óculos!) e que nunca aconteceu nada.

No dia da apresentação o Colégio tava cheio, era dia do tal São Palloti e todas as carolas mães de alunos estavam por lá, elas e as família quatrocentonas de São Bernando do Campo.

Adivinha o que aconteceu?

Tropecei no pano de cortina, na parte branca e cai no palco. Não bastasse a vergonha pelo tombo, metade da minha bunda apareceu (leiam acima: Eu havia pedido pra ficar de short!) por que o pano de cortina subiu. Encerrei a minha gloriosa carreira teatral sob os olhares chocados das velhinhas da platéia.

Era melhor ser uma árvore que espirrava do que uma freira de bunda de fora.