domingo, 1 de maio de 2011

Tornar-se advogada.

Não tem muito tempo que absolvi um homicida.
A primeira absolvição? Um estuprador. Sim, o temor de toda menina na faculdade.
Foi inevitável pensar: Meu Deus, o que eu estou fazendo?

E eu chorei. Eu sempre choro.

Questionei, sinceramente, se era isso que eu queria pra minha vida. Advogar com lealdade, usar todo meu conhecimento a favor de um criminoso? Ou então aceitar o encargo e fazer de qualquer jeito, deixando quem sabe um inocente parar no sistema criminal podre do País?

Não cheguei a nenhuma conclusão. Acho até que gente com 50 anos de carreira não chegou também.
Penso, então, que sou mera aplicadora da Lei. Justa, não justa.

E eles, criminosos ou não, que se entendam ña entrada do Paraíso.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Eu olho pra um dos lados da minha cama de casal improvisada e vejo o homem da minha vida. Tá ali, tão ao alcance dos meus dedos. Dormindo.Cama de casal improvisada são dois colchões de solteiro juntos. O de casal vem ano que vem, no apartamnto novo. Do outro lado, a Penelope. Dormindo também.  Lembro que ela é minha senha de tudo Minha boneca. Uma sensação de felicidade, plenitude e calma e de tudo de bom me invade. Dá pra ser mais feliz? Não dá.

Lembro que a casa está limpa, mesmo com tanto trabalho. Que o trabalho vai bem, mesmo com tanta casa. Que as contas estão pagas e a próxima viagem está sendo planejada.Vamos pro Chile. E pra Bahia. São as viagens do ano. Vamos ter um filho, adotar outro. A minha vida é sempre vamos. E eu adoro esse plural.

Minha vida é calma e mansidão. Problemas eu tenho, mas resolvo. Ou não. Dá pra ter mais calma? Não dá.

Tem guaranaviton de ginseng na geladeira. Comprei uma caixa no Atacadão. As aulas da pós recomeçam semana que vem. Essa ausência de excesso me torna plena. Dá pra ser mais plena? Não dá.

Se você me conheceu há cinco anos, no lugar daquela menina cheia de tanto vazio (e que gostava do oco) existe uma mulher calma, plena e feliz. Uma mulher no plural.


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

De vermelho.

Quando eu tinha meus 13 e poucos anos, acreditava piamente que eu ouviria rock antigo em algum lugar. Fumaria um cigarro, daqueles de propaganda americana, que deixam a mocinha super estilosa. Que beberia whisky, num copo com muito gelo. Que pintaria as unhas dos pés de vermelho.

Era essa a imagem que eu tinha de mim.

Dez anos depois e só sobrou o esmalte, já que não bebo, não fumo e tenho uma ligeira queda por Bossa Nova.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Listas?

Esse ano eu não fiz listas.

Ano passado também não.

Acho que quando a gente está ocupado sendo feliz e fazendo dar certo, acaba não sobrando tempo pro resto todo.

E olha, o resto todo é coisa pra cacete.

Eu posso dizer que aprendi a amar meu pai como ele é. Mas preciso ser mais tolerante com o mundo.

Que tenho feito, senão o meu melhor, mas o que está ao meu alcance, pra ser bacana com a minha mãe. Mas preciso ser mais paciente com o mundo.

Que achei o amor correpondido, essa coisa linda e doce e mágica. E que por isso, mais que tudo, preciso ser solidária com as desiluções amorosas dos outros.

Que tenho o emprego que eu sempre quis. Que me realiza profundamente a minha carreira. Mas é necessário voltar para a filantropia.

Eu tenho plena consciência que meus defeitos estarão sempre aqui, mas preciso me concentrar em deixá-los toleráveis para o universo.

Que venha 2011.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Quando você tenta ser mais tolerante com o mundo, é inevitável que você sinta um pouco mais idiota.

Mini putas, mini xotas.

De onde elas vieram eu não sei.
Mas sei pra onde todas vão.

Quinze, Dezesseis.
Algumas, mais velhas, não passam dos Dezoito.
As mesmas saias coladas, vulgares. Como se a bunda fosse tudo.
E talvez aé seja.
Triste. Deprime. Desola.

A mesmas blusas coladas, vulgares. Como se o peito...
E é.

Eu me pergunto: Onde estão seus pais?
E a vergonha de olhares tão desvatadores?
Que eu tive, que mulheres um pouco mais velhas tiveram também.
Será que a minha filha será assim? Será que Educação não dá mais jeito?

Já nasceram na era dos direitos iguais.
Não queimaram sutiãs, nem viveram sob a égide do famigerado Eatatuto da Mulher Casada (que passava a ser relativamente capaz após as núpcias. Sim. Aconteceu aqui.)
Mas então não se explica.
Só se assusta.

É o quadro negro de Lenine.
Quem vai pagar a conta?