domingo, 28 de setembro de 2008

meu medo de injeção.

Te dizer que eu sempre tive medo de injeção. Aliás, medo é modestia, tenho mesmo é pânico, terror e aflição.
Faz um tempo que venho sentindo dor nas costas. Me rendi ao emplastro SALOMPAS. Sabe aquela embalagem verdinha, que vende na farmácia, em kit de dois? Pois é, logo eu, que sempre achei coisa de velho, agora tenho um par na bolsa.
Pois bem, dia desses, por livre e espontânea pressão, (tbm odeio hospital, médicos e enfermeiras) resolvi procurar um especialista pra ver o que estava acontecendo. Não pode ser normal uma pessoal de 23 anos, que pratica exercícios regularmente e não come, digamos, tão mal assim, sentir tantas dores.
A explicação do cidadão? Stress. Fala sério. Agora stress dá ´dor nas costas. Puta que pariu.
Quem é que tá stressada aqui?
A senhora, evidente.
Evidente o que? não tem ngn estressada aqui (tom de voz ligeiramente alterado)
Mas os sintomas são claros.
Claros onde? o sr. não me pediu nenhum exame! (tom de voz absurdamente alterado)
A senhora precisa ficar calma...
Calma? Como ficar calma se o sr. diz que eu tenho stress sõ de olhar pra minha cara! (aos berros, praticamente um teste de pulmão)
Não bastasse isso, aquele ser de avental branco, não por que médico certeza que ele não era, me manda tomar injeção. Injeção!! Isso mesmo, como ele pode querer me dar injeção por uma dorzinha (o diminutivo é desespero mesmo), não , não, esquece.
Dr. eu não tomo injeção.
É alérgica?
Aham.
Qual medicamento?
Todos.
Como assim, todos?
Todos que são aplicados por injeção.
Mas no seu caso, só a injeção vai aliviar a dor, qualquer outro medicamento por via oral vai demorar horas pra fazer efeito.
Ótimo, quero mesmo ficar boa só amanhã.
Cara, não teve jeito, ele ficou lá falando um monte de merda, do tipo, dizer pras crianças que sorvete faz mal pros dentes sabe? Ah, você já é adulta...bla bla bla...é só uma injeçãozinha...bla bla bla...não demora...bla bla bla...a agulha é pequena...bla bla bla. Não tomei e pronto. Era injeçãozinha por que era no rabo dele. Se ele soubesse do último episódio (eu saí correndo da sala de medicação, quase sem saia, deixando a enfermeira atônita), não teria feito aquele escarcéu pra me dar a receita de buscopan. Cara, pra tomar buscopan eu não ia no médico não. O farmacêutico faria isso por mim. Eu queria exame, terapia alternativa, milagre, sei lá. Mas buscopan? Ah, buscopan não! E é isso. Não tomei (E NÃO TOMO) injeção. Ah não ser que me informem de algum hospital bárbaro, onde os aplicadores de injeção são altos, morenos, de olhos verdes e cheios de amor pra dar. Fora isso, esquece.

Não vou descer porra nenhuma!!! (A Odisséia)

Sexta feira chuvosa. Santos. Samantha de pijama. De bolinha.
Resolvo pedir uma pizza. Mamãe tá com fome.Regime só segunda.
Descubro que meu telefone não liga. A telefônica só me fode mesmo. Tudo bem, ja me devem 23 mil e vou mudar pra net muito em breve. (alguem novo pra processar).
Peço pra um amigo, via msn ligar na pizzaria pra mim. Sério. O msn tem utilidades que até Deus duvida. Passo endereço, telefone, sabor da pizza, quanto de troco irei precisar e pronto. Pedido feito. Viva a tecnologia.
50 minutos depois e após muitos protestos da minha mãe (que parece ter vindo andando da Somália) volto pro msn, pra pedir pro meu amigo ligar na pizzaria e ver o que está acontecendo. Devem ter ido buscar o frango na granja, só pode.
Vejo que meu amigo não está mais na internet. Ótimo. Terei que pedir pra outra pessoa. Ai essa outra pessoa não vai entender nada. Merda. Maldita tecnologia.
Fernando tá on. "Liga p mim vai? Vê se o pedido da Floriano já saiu?"
Diz a mulher que tá na rua. Ele não acredita. Ela caguejou.
Fudeu.
Já tem mais de uma hora a essa altura. Depois de uns 10 minutos peço pra ele ligar (de novo) e cancelar.
Não
Espera.
Chegou!!!
Bom, problema resolvido certo?
Ledo engano! O filho da puta do motobo não quis tirar o capacete pra subir (é regra do prédio).
Ele quer que eu desça e exiba pro prédio todo meu pijama de bolinha. Se fosse assim meu sr., eu mesma teria ido na pizzaria porra!
Falo pro porteiro que se ele não quiser subir, como TODOS os outros sobem, ok. Não vou descer.
(eu tava crente que ele subiria, não ia querer voltar com o prejuízo, digo pizza)
Mas não, contrariando o óbvio ele foi embora.
Ainda tive que tirar meu pijama e ir na pizzaria da esquina, caso não fosse , minha mãe me deserdaria dos bens que ela não tem.
Fui, muito puta, mas fui.
em tempo: a pizzaria chama Veneza, em Santos/SP.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Campanha: é velhomas é meu! (15/07/2007)

Tá faltando muita coisa na nossa imperfeição. Será que nos perdemos?Ou será que nos achamos e era isso mesmo? Eu preferia quando encontrava poesia na portaria do meu prédio...Quando tinha um cara com ar de apaixonado me mostando os mil motivos pra eu me entregar...Um alguém que cozinhava e fazia eu sentir que o mundo girava ao meu redor...Que fazia planos, pra ontem, pra hoje, nunca pra tão distante de nós...Que fazia. Ponto. ANOMIA SENTIMENTAL. Caminhamos perigosamente numa linha tênue, muito tênue. E eu não quero mais brincar assim. Eu não te entendo mais.Eu não te sinto, mesmo quando você está perto, e antes eu sentia mesmo estando longe, mesmo não estando, mesmo se você se escondesse. Será que os erros são meus e meu inconsciente auto remetem pra ti? Não sei. ....tá doendo.

Campanha: é velhomas é meu! (01/03/2007)

Sempre achei que meu problema fosse a anomia de sentimentos. Enquanto todo mundo se propunha a viver de amores em busca da plenitude eu esperava que ela viesse, enclausurada no meu castelo de memórias povoadas. Quando não, alguém dizia "Não adianta viver de passado " entã la ia eu, e me perdia no futuro...ai, mais um alguém dizia "vc devia rever certas coisas"...pronto, pegava meus caquinhos e agonizava numa busca sem fim pelo eterno mundo dascoisasfeitasquenãovoltammais... Poucas vezes na minha vida eu estive onde era pra estar. Na verdade, sempre tive mesmo o dom de recriar tudo isso que se chama mundo e vivi nonde eu queria estar, a única diferença é que lá geralmente não tinha ninguém. E assim foi indo. O que chamaram de força, maturidade, brilho, e outros tantos adjetivos que jamé farão parte de mim, nada mais era do que meu mundo paralelo, minha forma autista de ser. Bem-Vindo Ou não. Já achei que uma dor era sempre. Não foi. Já acreditei que um amor não acabaria. Ele acabou. Resolvi viver.

Campanha: é velhomas é meu! (05/11/2006)

Vivemos uma nova fase. Uma fase cheia de coisas, cheia de cantos, cheia de encontros...Encontros que por vezes ocorrem no mesmo dia. Tenho tentado me encontrar.Ou pelo menos não me perder, o que já é, por si só, um grande avanço. Hoje eu queria falar. Mas nem sei se me ensinaram a falar disso. Também não sei se te ensinaram a ouvir. Aliás, esse e-mail trata do não sei. Do nada. Era disso que eu queria falar. Do nada. Alguém já te falou sobre o nada? não lembro de ter falado dele pra ninguém...Eu só conseguia falar do nada sentada na beira da calçada com o meu diário.Mas o mundo disse que era feio ter um diário.Que era feio eu chorar por amor. Que era feio tudo aquiilo que eu sempre achei lindo. Então, o mundo foi lá e deu minhas bonecas...E junto com elas levou minha meninice...Tive que crescer. Não gosto de crescer. Pelo menos não fora do tempo. Mas qual é esse tempo? Quem foi que inventou o tempo? (choro) Volto. sento de novo. Preciso tentar dizer aquilo que não se diz. Talvez eu nunca mais diga pra ninguém, aquilo que eu nunca digo pra algúem.Tá confuso. Claro. É assim que eu sou. Ah...minhas memórias povoadas...Que povo é esse que mora aqui? Queria escrever de forma pobre, pra que você entendesse. Mas não tem jeito, vai saindo. Eu só sei ser assim. Me desculpa?(sei que o certo seria "desculpe-me" mas como vc bem sabe, dentre outras tantas coisas eu odeio a próclise no começo da frase...Da mesma forma que eu preciso de um chocolate, nem que seja um pedacinho, depois de fazer amor...Do mesmo jeito aéreo que eu olho as pessoas, que é o que me faz única...enfim)Me perdoa? Mas como pedir desculpas se a gente não fez nada? Se eu for esperar uma briga talvez eu nunca diga. Nós não brigamos. Ainda não aprendemos. Graças a Deus.Eu sei que por vezes, por muitas vezes, por mais vezes que eu queria, eu sou infantil. Não pense que isso se deve aos meus 21 anos. Não. É que eu nunca pude ser criança. Nunca deixaram. As pessoas sempre chegavam com os problemas delas, com as dores delas, com os medos delas, com os anceios delas, com tudo aquilo que não era meu. Como se houvesse uma fórmula mágica. E a alquimista nessas andanças invariavelmente fui eu. Há uns três anos venho reconstruindo aquilo que destruíram em 18...Talvez leve 18, talvez 36, talvez nunca mais. É tudo um grande talvez. Onde você entra nisso tudo? Por que esse e-mail? Apenas pra me desculpar. Estarei sempre em construção e não quero você no meio dos escombros, logo, não faça mais do que um homem mediano faria. Ainda que você me ame. Ainda que seu seja tudo aquiilo que eu não sei ver, mesmo eu finjindo que já enxergo. Me ame. Que eu amarei vôcê. É bom esperar o telefone tocar.saber que a minha cachorra terá alguém pra dormir quando eu saio de manhã.alguém pra me pegar pela mão, ou mesmo me segurar no colo se preciso.voltar. sempre.Simplesmente por que há alguém esperando. E se não fosse por mim, seria por ti. Não leia de novo.Eu não espero que você entenda, que você reflita, que você faça coisa alguma. Apenas esteja.Hoje, amanhã e depois. Te amo

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Convidando

Não é boca livre.
Se não tem dinheiro nem intenção de comprar, fica em casa e toma chá sozinho (a). Samantha, curta e grossa ultimamente, pela não banalização da arte.
eu tô cansada de ser caçador.
eu tô cansada de ser caça.
será que eu possso ser só a árvore?

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Cara, desde que descobri que tem um cirurgião plástico no boxe, minha vida nunca mais foi a mesma. Praticamente uma lipo ambulante.

Minha mãe alcóolatra

Resolvi escrever o livro. Comecei pelo final. Decidi o título. Dizem que é sempre o último, mas eu já tenho o meu. Nem que eu escreva só daqui 30 anos, ou termine com 46.
E parece que a decisão de escrever, ou talvez mesmo o titulo, tenha feito minha mãe me dar inspiração. Ela resolveu beber, beber e beber mais. Pra me irritar, pra me atingir, por que é pra isso que ela bebe. Pode falar que é doença, até CID isso tem, pode falar que é auto defesa, pode falar que é trauma de infância,pode falar o que quiser, mas no caso da minha mãe, é carma mesmo.
E carma cansa, carma pesa, carma tira a força da gente.
Carma dá vontade de chorar, de gritar, de pedir arrego. Tudo junto.
Mas pra quem?
Você acompanha o processo auto- destrutivo, que te destrói, e te pedem calma, um dia de cada vez, só por hoje.
Você faz escândalo, esperneia, taca fogo, mas não acontece nenhum incêndio. Do outro lado, quando a fogueira tá no auge, você taca toda água do universo e ela permanece lá, inerte, fria.
É intransponível, impenetrável, inacessível. Te deixa impotente. Lateja, Dói. Sangra.
Se tua mãe diz que passou o dia com dor de cabeça e faz cara de doente, isso te abala, te bota perto dela. Você pensa: "caraca, coitada da minha mãe, tem tanta coisa pra cuidar, pensar, estou sendo meio relapso". E quando ela bebe, não quer papo, dorme? Que opção você tem?
Como se fala com mudos?
Como se faz ouvir quando do outro lado não há orelhas?

terça-feira, 23 de setembro de 2008

roubei os selos.
Comunico, pois, que faço doação para todo mundo.

A sopa de tatu.

Aula de Crimes Ambientais. (um porre) Professor monótono, sem didática, terça feira chuvosa, imagina o resultado. Fiquei viajando. Não sei bem em que momento ele estava da aula, quando ouvi a palavra Tatu. Também não sei por que raios de motivo, aquilo me despertou. "...bla bla bla, imagina se o sujetio mata o tatu...bla bla bla...pode responsabilizar a pessoa júridica? bla bla bla..." Alguém diz que ninguém comeria o tatu (a essa altura a aula já tinha passado do matar, pro comer). Eis que tive a brilhante idéia de dizer que meu pai já comeu um tatu. (silêncio) (mais silêncio) Fui obrigada a explicar que meu pai não era um caçador habitual de tatus, tampouco tinhamos em casa um livro do tipo"Receitas rápidas com Tatu". Não, não. Foi um atropelamento na estrada. Daí, ele levou o bicho pra casa e a empregada do interior fez uma sopa dele. Pronto. Ah! Muito importante, frisei que eu não participei da ceia. A aula continuou uma merda. Certas coisas não tem salvação mesmo. Nem com receitas de tatu.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Entre aspas.

Será que todo mundo vive dentro de aspas, ou sou eu que não sei citar coisa nenhuma?
Impressionante, se você fala de amor, pronto, lá vem eles falando de Vinícius, como se só ele amasse, só ele falasse de amor.
Se o assunto for política? Têm na ponta da língua o último comentário do Jabour na Globo. Na verdade, não conhecem Arnaldo, conhecem a Rede.
Política? Falam mal do Lula, ou bem também, dependendo do que for mais cool no momento. África? Onde é que fica mesmo? Eu pago um café, e o pão de queijo, se souberem a capital do Egito, não, menos, se souberem quem foi Gandhi.
Não sabem, nunca sabem, só citam.
Não sentem, não vivem, não esperam, só citam.
Não querem, não precisam, não sonham, só citam.
E citam, e citam, e citam. Nunca o assíndeto fez tanto sentido.
Acho que cansei de falar que cansei de gente chata, vazia, superficial.
Não sei viver dentro das aspas, mas viver fora tá foda.
Aliás, tá foda não, se tivesse foda, eu gozava.
Tá tudo uma grande merda mesmo.
Se alguém me ensinar a usar as aspas, eu empresto minha poesia.

Estado de necessidade.

- E ai Rafa, como vai a faculdade ? (Rafael é meu sobrinho de 18 anos, calouro da Engenharia/FEI)
- Ah, vai indo, tá foda. Muita prova, trabalho, essas coisas.
-Hum, e as festinhas? Conta pra titia vai! Sempre tem festinha no 1º ano. No segundo tbm, no terceiro...
-Ah, às vezes tem, mas nem sempre dá pra ir.
-Então organiza uma e me convida. Tá na hora de tu apresentar uns amiguinhos pra mim.

domingo, 21 de setembro de 2008

Luana

Luana tinha um armário, um grande armário, dedicados aos seus ex-namorados.
De tempos em tempos, e às vezes esse lapso podia ser maior que anos, ela ia lá e pegava um deles. Tirava do armário, dizia meia dúzia de coisas bonitas, nem sempre tão bonitas assim, e pronto. Tava feliz. Ela precisava ter a certeza. A certeza de sempre. Que ainda não havia ninguém no mundo capaz de fazer com que eles lhe dissessem não.
Mas manter o tal armário ocupava espaço, era desgastante, por vezes desanimador.
Dia dessses encontrei Luana e perguntei o que ela faria na sexta. Pretendia chamá-la pra sair. Ela disse: "Estou indo ao Rio mais tarde, volto no domingo". Estranhei. Ela nunca viajava assim, do nada, sem antes me avisar. Muitoi menos uma viagem de mil kms. Perguntei, meio que tirando onda "Vai ver o Victor é?". Nunca imaginei que ela pudesse me responder que sim. Mas ela respondeu. Já se iam dois anos, sem que eles se falassem ou se vissem. Na verdade, quase três anos.
Mas ela foi.
Voltou feliz da vida por saber que ele ainda estava no armário.
Me senti ridícula. Ela tinha toda a coragem do universo e eu? Seque conseguia pegar o telefone e fazer um telefonema idiota. Mas nem todo mundo nasce como Luana. Furacão. Chego a entender por que a mãe dela não teve mais filhos. Imaginar três crianças como ela?
Dias depois me ligou. A euforia e o entusiasmo haviam se transformado em dor. Plena, latente e visceral. Ela tinha a certeza absoluta que não encontrava ninguém, por que de tempos em tempos se rendia ao passado, como se ele fosse presente e, pior, futuro.
Não adiantava argumentar. Quando Luana liga ela não quer ouvir conselho, nem quer que você dê alguma solução pro problema dela. Isso a torna diferente de todas minhas amigas. Ela simplesmente liga pra dividir com você alguma coisa. E espera seu silêncio em troca. Nesse dia apenas falou que não mais recorreria ao armário, ainda que essa hipótese, por mais vaga que fosse, a enlouquecesse.
Até onde sei , ainda se mantém forte, mesmo tendo voltado a frequentar o bar que um deles bate cartão.

sábado, 20 de setembro de 2008

Marina

Quando você lida com gente acostumada com perdas, fatalmente ocorre um processo de ilusão. Gente que perde, desde pequena, não se importa muito com as coisas que todo mundo se importa, ou pelo menos deveria se importar, socialmente se importar. Marina era assim. Órfã de pais vivos. Família mais que desestruturada. Família desunida. Talento nato para pessoas complicadas, em especial, homens. Se fossem músicos, poetas ou pseudo-intelectuais então, era a própria perdição de Marina. E ela se perdia constantemente.
Marina não se preocupava com roupas, sapatos, cabelo. Mas era linda. Olhos verdes, morena, magra e um sorriso fantástico, dentro (ou fora, depende do ângulo) de uma boca incrível. Já vi algumas pessoas morrerem de amor por ela. Outras de ódio. E ela passou ilesa. Costumava dizer que dava de ombros pra corações. Corações são bobos. E ela não gostava de bobeiras, só as essenciais pro cotidiano. E no caso dela, não eram poucas.
Quando alguma coisa não dava certo, ela simplesmente dizia " não vou morrer por isso". E dava meia volta. Lembro da ocasião em que ela me ligou e disse que estava voltando do Rio. Dentre tantas coisas falou que precisava bater na porta de um certo alguém. "Estou morrendo de amor por causa desse filho da puta". E voltou. Largou a faculdade que havia transferido pra lá, dois meses antes do final do ano letivo. "Não tem problema, faço as provas no Carnaval"
E ela voltou mesmo. Pediu as contas na multinacional, largou a faculdade sem trancar e ignorou todas as pessoas "sensatas" do momento, que alertavam pro detalhe de ele não quer mais vê-la pintada. Diziam que o moço chorou por tempos no colo da mãe. E desistiu de amar.
Vi naquela situação uma força avassaladora, que eu viria anos após anos em Marina. Ela queria, ela fazia. Se não desse certo, não tinha problemas. Ela havia feito.
As previsões não haviam falhado. Ele não quis voltar. Amava ainda, mas era pequeno demais pros sonhos dela E, some-se a isso, dizia pra todo mundo que Marina era nômade. Teve medo de ela mudar pra Marte.
Ela ficou mal por dois dias, talvez um pouco mais. Pelo menos o estar mal que podemos ver. Todo mundo teve medo que ela perdesse o ano, assumisse um amor homossexual, começasse a beber. Confesso que eu também. Mas não. Ela se limitou a ir ao Rio de Janeiro em fevereiro do ano seguinte. Fez 16 provas, em dois dias, referente aos dois meses de aulas perdidas. Generosidade de um diretor do curso que a detestava (ela havia meses antes da mudança do Rio feito um manifesto formal ao cidadão que culminou no rebaixamento dele do antigo cargo de assistente do reitor).
Passou pro quarto ano.
Como lidar com um ser humano assim?
Acostumado a perder.
Acostumado a ganhar tudo, no tapa, na unha.
Às vezes acho que eu queria ser como Marina. Viver no foda-se incondicionalmente. Fazer desse estado de espírito, algo habitual na minha vida. Mas é preciso ser grande. Grande demais.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Pelo amoooooooooooooooooooooooor de Deus, troca a senha do seu email vai?
Não aguento mais olhar sua caixa de mensagens e não encontrar nada, nadinha capaz de me fazer cortar os pulsos, de me fazer odiar você pra vida toda.
Meu aniversário tá chegando. Dá um motivo, unzinho só, pra eu não te convidar.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O cheiro dele.

Ele ainda assistia os filmes de arte com ela. Mesmo os resmungos, que antes eram motivo pra um briga homérica, hoje causavam apenas risos. E orgulho. Afinal, ela ainda era capaz de fazê-lo assitir filmes de arte. Que ele chamava, resmungando, claro, de "filmes que só você vê".
E então ela dizia:
Você não vê com mais ningúem?
E ele bradava:
CLARO QUE NÃO!!!
Ela sabia a resposta. Sempre fora a mesma. Mas precisa ouvir. Era mulher afinal não?
Tinha a mesma mania de rir alto. De falar besteira. De ter uma solução rápida pra tudo. E ela? Anos atrás ficaria puta, diria que ele não tinha planos, sonhos, juízo. Hoje? Pode-se dizer que ele tem razão. Viverá mais e sem rugas.
Eram os mesmo olhos, o mesmo corpo, a mesma sensação de estar protegida.
E ele tava mais gostoso.
Muito mais.
Absurdamente mais.
Mas ela também tava.
Formavam um casal perfeito, do tipo Brad e Angelina.
Mas ninguém estava diposto a admitir.
Ambos ignoram as placas de "retorno à 500 mts". E assim se foram 3 anos.
E talvez mais três.
Mais 6.
Mais 12.
Ela o viu fazendo baliza pela primeira vez. Lembrou do menino que era quando namoravam. Dos 14 anos. Da virgindade que perderam juntos.
Lembrou também da primeira vez que o levou pro motel. Ela 18. Ele 17. Fez cara de sério. Entraram e tomaram café juntos. Tinha sido a única vez. Deu risada sozinha. Ele não entendeu. Ela não queria dividir e logo ele entrou nutro assunto sobre eles, sobre o passado tão presente, que ambos escondiam lá longe, pra não ter de lidar. É mais fácil colocar a mão no velho. Falar dele, uma sutil mudança de verbo e pronto. Você se abre. Ou se fecha. Na mesma proporção. Eles haviam optado por não ter defesa. Não dessa vez. Então era preciso um pretérito. Mais que perfeito eu diria.
De mãos dadas.
No shopping.
Pediu água. Depois da sexta vez. Ele trouxe. Como sempre. Certas coisas não mudam.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Tá aqui o cesto de lixo. Pode jogar seu sonho.

Não querem mais que você sonhe. Não, dessa vez não é culpa do Estado, nem de nenhuma sociedade capitalista famigerada, tampouco de alguma organização internacional conspiradora, comedora de criancinhas africanas. O algoz está ali, do seu lado. Intula-se seu amigo. Diz que sente saudades, usa o amor no tempo errado, na conjugação errada, fode o verbo, apenas e tão somente por que não sentem e se o sentem, não é por você. Mas a idéia de que podem amar alguém tão bacana como você os atrai, até por que, não te amar, não tem justificativa e nem todo mundo está preparado pra não explicar. Então é mais simples dizer que ama. E ponto. Quem terá culhão de questionar o amor alheio? Logo colocariam-no como sentimento amplo, vago, subjetivo, permitindo que tudo seja amor. E o "amado" sabe que não é.
Aliás, é preciso dizer que amor não é sinônimo de felicidade. Alguns optam por serem amados, mesmo que seja um amor doente, enlouquecedor, anômico.
Eu opto por ser feliz, mesmo que pra isso, só eu me ame. Bom, minhas cachorras tbm me amam. Tá ótimo.
Não tem jeito. Se você diz que quer montar um escritório, comprar uma casa no ano que vem (nem que seja pra financiar em 364 anos, pela Caixa) ou então fazer mestrado em Portugual, logo lhe estendem a cesta de lixo, assim, como quem não quer nada. Pior, não estendem de modo direto, permitindo que você grite, esperneie, saia correndo. São eufêmicos. O falso moralismo impera. E se você por acaso demonstrar que percebeu o descrédito e a inveja que paira, ah, não, te indicam psicólogo, psiquiatras ou quem sabe uma compra no shopping.
Não, não. Você não pode sonhar. É perda de tempo. E não pode contar, é devaneio.
Venda-se. Eles aceitam Visa.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Destroquei.
Não dá pra ficar olhando praquele monte de gente com cara de sexo.
Dava não.

domingo, 7 de setembro de 2008

Troquei os louros da advocacia por uma recepção de motel.
Bom, que pelo menos meu livro tenha uma autora mais inspirada.

sábado, 6 de setembro de 2008

A melissa roxa.

A tal felicidade é algo bobo, etéreo, efêmero.
Ganhei ontem uma melissa roxa, do grande amor da minha vida.
E por mais incrivel que isso possa parecer, o meu grande amor da vida toda não tem pau.
Tem apenas ouvido, fala pra caralho e me faz sorrir. De coisas bestas, conta histórias, pra eu esquecer dessa vida bandida que a gente leva pra virar gente grande.
Tô feliz pra caralho.
A melissa inspirou uma faxina.
Deixa eu ir limpar.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

eu sou uma pessoa mto bacana mas o mundo já nao tem mais tanta gente bacana assim pra eu me doar

A escada, o mocinho e a largatixa.

Ele era um santo. Mesmo. Daqueles que a gente apresenta pra mãe, tia, pai, irmãos, primos, porteiro, chefe, cachorra (que vira "filhinha" dele tbm). Coisa de louco.
Era um gato o filho da puta. Pois é. Clarissa nunca ficou tão puta de não ter uma digital à tira colo e tirar 468 fotos dele, com ela claro, assim, apenas para testar a nova configuração.
Tinha um sorriso fantástico, era inteligente pra cacete, e o melhor, quase delegado. Vida financeira e emocional estável, sem maiores contratempos. Ela tinha mesmo cansado do caos, da roda gigante, de estar sempre tão confusa.
Tinha apenas um probleminha. O moço era evangélico. Lento. Devagar quase parando mesmo.
Clarissa era mulher bem resolvida, pagadora de suas contas e impostos (embora o último fosse sonegado com certa frequência), vivia stressada com o chefe cretino que ela tinha, recém separada, requisitos mais do que necessários para estar precisada de um chamego, um dengo, um cheiro. Não é?
Ela alertou as amigas que não daria em nada. Uma engraçadinha riu e a piadinha foi inevitável: "Não vai dar literalemente né?". Era justo ela virar chacota no café. O cara era fantástico, incrível, sensasional, mas era um provável adepto do sexo pós casamento. E pra ser sincera, ela já até esperava o pedido, num culto matinal de domingo. Não que ela quisesse um sexozinho casual não. Pra isso tinha o vizinho. Ela apenas queria uma mãozinha boba. Pelo amor de Deus, bota a mão aqui meu filho! Não era mais o primeiro encontro, nem o segundo, nem o terceiro...
Mas a vida dá volta, dizem. E então, num belo dia, ele resolveu apresentá-la à escadaria.
Sim, assim, do nada, poucos minutos antes da aula, jogou ela na parede, chamou de largatixa e disse que dali em diante ela seria tratada assim sempre.
Ótimo.
Ela ficou feliz.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Ah Samantha, não vale guardar caixão não!!!

Minha brincadeira preferida quando eu era pequena sempre foi esconde-esconde. Volta e meia, aliás, pra dizer a verdade mesmo, eu sempre era acusada de "guardar caixão", muito embora eu dissesse que estava apenas "procurando gente perto do pique".
Pois é. A regra era clara. GUARDAR CAIXÃO NÃO VALE!!! Era algo injusto, desleal, quebrava o protocolo. Óbvio, que como criança muito criativa que eu era, e, sabendo da possibilidade imensa do "salva-todos" (vulgo: o filho da puta que sabia se esconder e sempre livrava a cara de geral, mandando o pobre coitado do procurador pro pique de novo), ficava enrolando perto do poste até gritar: "1,2,3, pique o salva todos!!!". Era uma alívio.
Enfim, na verdade lembrei disso ontem à noite. Tô numas de não conseguir dormir direito de taaaaaaaaaaaaaaaaanto pensar e olha, que sono nunca me falou. Agora essa. Pois é. Resolvi que não quero mais guardar caixão. É injusto, desleal, quebra o protocolo. Mais, me machuca, me põe na posição de espera, passiva diante do mundo, diante de atitudes que não são minhas e por isso mesmo não posso controlar, mesmo por que, nem as minhas tem, digamos, controle.
Não quero mais. Estar ali, aqui, lá. Esperando, cercando, guardando caixão. Como se essa tentativa fria, letárgica e insensível, fosse trazer de volta minha cor, Não vai. Apenas deixará à mostra os fantasmas da partida.
Guardar caixão me deixa perto demais do cadáver e eu não gosto de mortos.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Bola de meia...

Tanto tempo pra pensar Mas no meio na correria acho que não deu Eu tentando consertar a nossa história Mas sem a sua ajuda, não aconteceu Acontece que se fosse esperta E desse tempo ao tempo Não seria assim Sugando tudo o que tenho de forças Eu ja não estou querendo mais você pra mim Infelizmente é assim Termina-se uma história Que a gente mal começou Se tomasse cuidado com meus sentimentos Talvez meu coração ainda fosse seu Esse final não me agradou E o nosso entendimento Não aconteceu Eu que lutei um dia pra te ter ao meu lado Agora eu te confesso Quem não quer sou eu Fui eu quem te dei O primeiro beijo O primeiro toque A primeira canção Se realmente quer ficar comigo Não faz bola de meia com meu coração Tanto tempo, tanto tempos
bola de meia- Seu Jorge

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

eu não sei mais.
Ei li isso em algum lugar, que evidentemente alguém desmemoriado como eu não lembraria, mas achei incrível e sei lá por que motivo acordei pensando nisso:
"Não importa se é amor, se não deu certo, tem que ir embora, mesmo que te leve a alma"
Mas e quando a gente nem tem mais alma?